Muita gente sabe que faço parte de diversos
movimentos e grupos da Igreja Católica e que participo tentando ajudar a
realizar as obras. Como em todas as áreas, em quase todos os projetos e obras
da Igreja, é necessário dinheiro. E como conseguir dinheiro em uma instituição
não lucrativa? Através de promoções e eventos beneficentes para arrecadação.
E muitos destes eventos envolvem a venda
de comidas e bebidas. De um tempo para cá, surgiu uma orientação na Igreja de
que não devem ser vendidas bebidas alcoólicas em eventos promovidos por ela ou
com alguma relação. A partir daí surge uma polêmica: essa orientação está
correta ou não?
Bom, as pessoas que não são tão próximas à
Igreja e suas doutrinas e entendimentos consideram errada, pois não analisam os
argumentos da Igreja. Cabe ressaltar aqui que falo “Igreja” representando uma
instituição para facilitar, sendo que o termo representa os dirigentes e
representantes da mesma. Voltando ao assunto, essa orientação é baseada na
ideia de que uma instituição religiosa, que leva a Palavra de Deus às pessoas
não deve estimular o uso de coisas que possam causar algum tipo de prejuízo às
pessoas, às famílias e à sociedade. E o alcoolismo é um problema sério! Neste
caso, com o intuito de arrecadar recursos para suas obras e projetos, a Igreja
estaria “incentivando” o consumo de álcool. Dessa forma, a própria Igreja
estaria se contradizendo! E qualquer problema originado a partir dessa atitude,
seria da responsabilidade da Igreja, tais como acidentes, brigas, etc.
Por falar em responsabilidade, existe
também o argumento favorável à venda de bebidas alcoólicas de que cada pessoa
deve ter seu equilíbrio e responsabilidade para beber. Ou seja, cada um pode
beber sem extrapolar os limites. E também que se a pessoa não beber em um
evento da Igreja, pode beber em qualquer outro lugar. Neste caso, a Igreja
apenas não teria responsabilidade e não estaria “incentivando” o consumo.
Porém, em muitos eventos beneficentes da Igreja, dentro do evento não se pode
vender bebida alcoólica, mas muitos comerciantes se aproveitam da oportunidade
e do movimento de pessoas causado pelo evento para vender as bebidas nos
arredores. Neste caso, a Igreja “ajuda” as pessoas a venderem e comprarem as
bebidas, sendo que pode ser relacionada a eventuais problemas e consequências,
mesmo não sendo responsável direta. Dessa forma, mesmo não promovendo, acaba se
tornando “corresponsável” e sem obter os resultados. E convenhamos que se o
objetivo é arrecadar recursos, retorno financeiro, não há nada mais vantajoso
do que vender bebida alcoólica, especialmente cerveja. É o produto que mais tem
saída e que as pessoas menos reclamam de preço. E como eu já disse a Igreja
precisa de recursos financeiros e materiais para realizar suas obras e
projetos, que muitas vezes têm o objetivo de auxiliar as pessoas mais
necessitadas.
Assim sendo, fica uma polêmica e um debate
sobre responsabilidade e sucesso na arrecadação que pode ajudar pessoas. E qual
a conclusão que chego sobre esse tema? Nenhuma! Existem prós e contras e argumentos
válidos de ambos os lados! Tanto na responsabilidade espiritual da Igreja quanto
no resultado financeiro obtido para realizar suas obras. O que fazer então?
Sinceramente, não sei! Espero que consigamos encontrar um meio termo, algo que
não prejudique ninguém e que possa dar resultado! Deus nos ilumine!