Na última semana ouvi debates,
principalmente no programa “Linha de Passe” do canal ESPN, sobre a utilização
de recursos de vídeo e de tecnologia no futebol. Alguns como os comentaristas
Juca Kfouri e Leonardo Bertozzi apoiavam desde que fosse bem organizado e não
atrapalhasse a dinâmica do jogo. Já outros como os comentaristas Mauro Cezar
Pereira e José Trajano eram contra por acharem que paralisaria demais o jogo,
criaria confusão, não se saberia quem decidiria os lances e até acabaria com a
graça das discussões no dia seguinte. Outro argumento desses dois comentaristas
é que está se tentando trazer a cultura americana, através de ideias como essa,
para implantar no Brasil.
Bom, primeiro quero deixar claro que
respeito a opinião de todos e que não quero ofender ninguém, apenas expor minha
opinião. Sou totalmente a favor do uso da tecnologia, especialmente de recursos
de vídeo, no futebol e vou explicar os motivos. Sobre as paralisações, basta
utilizar um critério simples que a NFL (Liga Norte Americana de Futebol
Americano, o Brasileirão do futebol deles), por exemplo, utiliza, limite de quantidade
de “desafios” (como são chamados os pedidos de revisão de algum lance através
do recurso de vídeo). Também se deve adotar penalidades para quem solicitar um “desafio”
e não estiver correto (perda de um pedido de tempo no caso da NFL) e regra para
quais tipos de lance pode-se solicitar revisão. Aliás, acredito que este seja
um ponto importantíssimo! Lances em que se originam gols e que possam estar
impedidos, a bola ter saído, o jogador ter utilizado a mão, assim como pênaltis
marcados ou não, dentro ou fora da área, etc., deveriam ter direito à revisão,
dentro dos limites de pedidos de desafio para cada equipe. Esses lances são
capitais e decidem, modificam um resultado e uma competição. Não vou entrar no
mérito de cada exemplo, mas foi assim que o Atlético Mineiro acabou sendo muito
prejudicado nos Campeonatos Brasileiros de 2012 e 2015. Muitos lances que “ajudaram”
os adversários a ultrapassar o Galo na tabela e/ou se distanciar poderiam ter
finais diferentes. E esse tipo de “erro” prejudica não apenas o resultado da(s)
partida(s) como também o psicológico, emocional dos jogadores prejudicados e
isso faz muita diferença no futebol!
Sobre a questão de implantar a cultura
americana no Brasil, sinceramente acho exagerada essa opinião, essa preocupação!
Não estamos falando de implantar um mega show no intervalo da final do
Campeonato Brasileiro (ou Copa do Brasil, que possui partida final), ou mesmos
os pedidos de tempo (paradas técnicas) ou outros detalhes deste tipo, mas sim
de aplicar recursos e condições de o esporte der mais justo. Gostaria de
lembrar que a ideia daquele spray que o árbitro utiliza para marcar o local das
faltas e o a posição da barreira, surgiu no Brasil e deu tão certo que já é
adotada pela FIFA no mundo inteiro, se não me engano. As ideais boas que surgem,
a meu ver, podem ajudar a melhor e desenvolver as coisas em várias áreas,
independentemente de onde surjam. Na questão de deixar o futebol chato e acabar
com as discussões no dia seguinte sobre lances polêmicos das partidas, também
não concordo. Lances que dependam da interpretação dos árbitros continuarão a
cargo dos mesmos. O que esses recursos modificariam é tornar o esporte mais
justo, possibilitando que haja erro, já que somos todos humanos, capazes de
errar, mas dificultando a “má fé” em lances “grosseiros” e “gritantes”.
Acredito que o futebol seria mais justo e privilegiaria a técnica e o resultado
dentro de campo, dentro dos limites humanos.
Assim sendo, não concordo com a opinião
desses comentaristas contra, pois acho que seria mais justo especialmente para
clubes fora do eixo Rio-São Paulo. Logicamente que é necessário uma discussão e
implantar o “árbitro de vídeo” com regras corretas para se aproveitar o melhor
possível destes recursos em benefício do esporte. Lembrando apenas que esportes
como tênis, futebol americano, vôlei, entre outros, já utilizam bem esses
recursos e nem por isso ocorreram os problemas citados. O futebol é um esporte
diferente dos demais, mas pode sim ser adaptado à evolução e ser mais justo!
Futebol deve ser decidido de forma limpa, dentro de campo!