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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Polêmica dos Médicos

     Já a algum tempo está acontecendo uma polêmica envolvendo a contratação de médicos estrangeiros para trabalhar nas periferias e cidades/locais menores e mais afastados do Brasil. Esta semana, vi uma reportagem muito bem feita e esclarecedora no CQC e decidi falar sobre o assunto.
     Para quem não está por dentro do assunto, o governo federal do Brasil lançou o Programa "Mais Médicos" que tem a intenção de contratar mais médicos para trabalhar em cidades e localidades menores e nas periferias de nosso país. Acabaram sendo contratados médicos estrangeiros para ocupar estas vagas e os médicos brasileiros não gostaram, protestando contra e até mesmo hostilizando alguns (médicos cubanos) na chegada no aeroporto.
     Um dos argumentos dos médicos brasileiros que estão reclamando é de que o governo apenas quer contratar mais médicos sem estrutura, como hospitais melhores, equipamentos, salários e demais melhores condições de trabalho. Até concordo que a saúde no Brasil precisa, e muito, de melhor estrutura, de melhores condições, porém, não se pode apoiar em um problema para justificar outro! Atualmente, o país sofre com problemas na estrutura da saúde, mas também com a falta de médicos para a população mais necessitada. Como a contratação de mais médicos, pelo menos os primeiros atendimentos seriam prestados à essas pessoas que precisam e, caso necessário, poderiam ser encaminhados para centros com mais recursos. Ou seja, ao meu ver, o problema da saúde no Brasil não seria solucionado totalmente, porém seria um início e há uma boa possibilidade de melhoria.
     Outro argumento é a falta de preparo dos médicos estrangeiros e o não conhecimento da língua. A língua portuguesa é difícil, mas eles podem aprender, então esse argumento não se justifica. Quanto ao preparo, especialmente em Cuba (de onde vieram os médicos mais hostilizados), o ensino da medicina é bastante elogiado e bem visto no mundo, além de, segundo informações do Ministério da Saúde do Brasil, muitos têm várias especializações, além de bastante experiência em situações difíceis, como enfrentarão no Brasil. Ou seja, este argumento também não se justifica!
     O que fiquei sabendo com a reportagem do CQC é que foram abertas 15.000 vagas, primeiramente somente para médicos brasileiros, nascidos, formados e residentes no país e as vagas não foram preenchidas, sendo preenchidas somente 1.090. Numa segunda etapa, médicos brasileiros, nascidos no Brasil e formados no estrangeiro, residentes ou não no país e as vagas também não foram preenchidas. Somente numa terceira etapa é que se buscou contratar os médicos estrangeiros. Dessa forma, nem o argumento de que estão roubando as vagas dos médicos brasileiros se justifica.
     Outro ponto absurdo que vi na reportagem, foi um representante de um sindicato de médicos de São Paulo (não me lembro agora a cidade ou se é de todo o estado) dizendo que a contratação de médicos estrangeiros só se justificaria em caso de emergência, o que não é o caso. A situação da saúde no Brasil não é de emergência? Será que ele não acompanha notícias ou vive em outro planeta? Outro argumento é de que seria necessária uma prova para revalidar os diplomas no Brasil. Gente, o Brasil já vive inúmeros problemas e muitos bastante graves por causa da enorme burocracia do país e ainda querem usar mais burocracia para atrasar as coisas, ainda mais na saúde?
     Ao meu ver, o que aconteceu foi um caso de preconceito e de ciúme por parte dos médicos brasileiros que não aceitaram trabalhar em locais com dificuldades e não ganhar muito, já que estes médicos estrangeiros estão vindo quase como voluntários e só poderão trabalhar neste programa do governo, sem consultórios e clínicas particulares. Também acho que ocorreu preconceito pelo fato de apenas os médicos cubanos terem sido hostilizados em sua chegada ao Brasil, já que também foram contratados médicos espanhóis, argentinos, mexicanos, portugueses e de várias outras nacionalidades e que não não foram tão mal recebidos como os mexicanos. Aproveito aqui para abrir um parêntese e dizer que em minha cidade (Pains/MG) têm dois médicos (que me lembro agora) estrangeiros, um argentino e outro, se não me engano, equatoriano ou venezuelano e que têm nos atendido muito bem. Sobre a "recepção" dos médicos estrangeiros, concordo com o que uma médica portuguesa disse na reportagem do CQC, que deveria haver, pelo menos, respeito às pessoas que estavam chegando ao país. E sobre a infeliz declaração de uma suposta jornalista na internet de que as médicas cubanas têm cara de empregadas domésticas, se for verdade, o que isso tem de mal? Por acaso as empregadas domésticas também não são pessoas e não têm capacidade de serem competentes? O que isso tem a ver? Isso é um preconceito ainda maior, além de uma ignorância absurda!
     Tenho certeza de que esse programa não é a solução perfeita para os problemas na saúde do Brasil, mas é uma tentativa, um início. Eu apoio qualquer iniciativa de se tentar melhorar o Brasil e a sociedade e condeno qualquer forma de preconceito! Esse pessoal que está só criticando, deveria é palar de falar e procurar ajudar a população, trabalhando para salvar vidas! A vida deveria ser muito mais importante, ainda mais para médicos, do que qualquer outro "sentimento" mesquinho e problemas políticos!

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